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Você já deve ter ouvido falar em defesa 4-3 e 3-4. Mas duvido que muitos conheçam a 30 stack defense. Em tradução livre e literal, stack pode significar “monte” ou “pilha”. A expressão faz referência ao número de defensores no box.
Na defesa stack, temos uma distribuição em 3-3-5. Ou seja, são 3 down linemans, 3 linebackers e 5 defensive backs. É uma ótima defesa para aplicar pressões de blitze enquanto a marcação é por zona (fire zone blitz) ou, em algumas vezes, man-to-man. Essa aplicação confunde a linha ofensiva, pois diverge de todas os fronts normais – o que pode levar a erros de bloqueio. Alguns desavisados podem achar que a corrida entra fácil. Mas não. Considero que a 3-3-5 é uma defesa sólida e muito dinâmica, mas para dar certo precisa dos players certos. São necessários: um nose tackle rápido e forte e que force a OL a fazer bloqueio duplo; dois ends fortes e atléticos (biotipo de fullback); um Mike (MLB) que seja o quarterback do box, um player inteligente, veloz e forte; dois OLBs (Rob e Lou) velozes e bons tackleadores; dois strong safeties (Stud e Hero) rápidos, espertos e bons tackleadores; dois cornerbacks que jogadores que consigam fazer marcação individual em campo aberto; e, por último, um free safety, que vai ser o quarterback da secundária e deve ser um atleta com tamanho, força, velocidade e inteligência, pois ele vai ser o defensor com mais ajustes e que faz o as chamadas de coberturas e checks.
O Jaraguá Breakers foi vice-campeão da Liga Nacional em 2017 utilizando uma defesa 30 stack, com pequenas variações. Na final, contra o Sorriso Hornets, a equipe de Jaraguá do Sul mesclou as marcações entre esquerda e direita, sendo marcação press do cornerback da direita com marcação off do strong safety da direita (Hero). Já na esquerda temos o contrário: marcação off do cornerback e marcação press do strong safety (Stud).
A defesa 30 stack necessita de peças bem distintas para funcionar. No Brasil, como já referido, esse sistema é bem raro. Aliás, sistemas que utilizam um front de 3-4 são escassos por aqui. Mas o sucesso dos Breakers na Liga Nacional tem relação direta com a defesa 30 stack. Na imagem abaixo, podemos ver melhor o posicionamento da linha defensiva e dos linebackers. Aí você pode pensar que as corridas inside e outside são boas alternativas.
Na sequência da imagem logo abaixo, vemos o ganho de 1 jarda apenas em uma corrida inside pelos Hornets. Notem a quantidade de auxílio para a corrida que há no box. Já a corrida outside pode ser boa alternativa se a equipe possuir um running back de velocidade e cortes precisos, pois o suporte para a corrida por fora também é bem rápido nesse sistema (quando com as peças corretas).
Como bater uma defesa 30 stack? Pode parecer clichê, mas o primeiro passo é esticar a defesa. A jogada trap option explora os problemas desse sistema:
Nesta jogada, há um misdirection que estressa muito bem a defesa. Em motion, o slot da esquerda procede em uma end around, e o left guard faz um pull para vender bem o play action. O running back protege o gap do left guard que saiu para o pull. O slot da direita faz uma bubble screen, puxando seu marcador para fora. Já o flanker da direita, com uma vantagem interna aberta pelo slot, faz uma rota slant e recebe em ótima condição inclusive de touchdown.
Essa foi apenas uma das inúmeras maneiras de atacar a defesa 30 stack. Minha dica é: estude seu adversário a fundo e saiba suas fraquezas e forças. Nenhum sistema é livre de falhas ou fraquezas. Explore-os.
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Advogado. Analista tático no Futebol Americano Brasil. Estuda Especialização em Direito e Processo do Trabalho pela Uniritter. Head coach do Porto Alegre Pumpkins e com passagens pelas comissões técnicas de Porto Alegre Bulls, Bento Gonçalves Snakes, Cruzeiro Lions e Armada Lions Futebol Americano