Marcucci desenvolveu o futebol americano feminino em Portugal e tenta ineditismo na Itália

Marcucci desenvolveu o futebol americano feminino em Portugal e tenta ineditismo na Itália


Marcucci ainda assinou um contrato para atuar profissionalmente nos Estados Unidos. Foto Arquivo pessoal/Futebol Americano Brasil

Desenvolver o futebol americano em qualquer parte do mundo não é tarefa fácil. Ainda mais para uma estrangeira em terras lusitanas, onde o desporto ainda engatinha. Os primeiros passos da construção do tackle feminino nasceu das mãos e força de vontade da neerlandesa-italiana Ambra Marcucci. Não só pelo feito histórico em Portugal, a atleta tenta algo novo no campeonato italiano: jogar entre os homens.

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O futebol americano apareceu de forma relâmpago na vida Marcucci. Em 2018, enquanto estudava para ser PhD em psicologia na Universidade do Minho, a atleta teve o primeiro contato com o Porto Mutts. A partir de então, veio a ideia de desenvolver o primeiro programa de tackle feminino em Portugal.

Sem mesmo ter conhecimento da dinâmica do jogo, o talento da halfback e wideout apareceu ao natural. Tudo isso devido a disciplina atlética incentivada desde cedo. Não tardou para que Marcucci superasse o nível técnico das companheiras do flag football dos Mutts, ajudasse a formar o Porto Dyrrs e se destacasse na região da Invicta.

A sede por aprender mais e evoluir tecnicamente despertaram o inusitado: treinar com homens. A oportunidade apareceu de um rival nortenho, o Paredes Lumberjacks.

Com um roster enxuto, os Lumberjacks precisavam do maior número de adeptos possíveis para atuar com regularidade na Liga Portuguesa de Futebol Americano (LPFA). Marcucci ganhou o suporte dos novos companheiros de equipa para alavancar suas habilidades. O prêmio viria a ser jogadora de fato do time na disputa do certame nacional. Entretanto, uma rusga com dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol Americano (FPFA) impediu o sonho de pisar no relvado com pads.

Apesar do percalço em Portugal, a chance de jogar o tackle veio da Itália, quando, no dia 13 de junho de 2019, recebeu a convocação para participar do camp do Blue Team Italia. A atuação no treinamento promovido pela Federazione Italiana di Football Americano (Fidfa) rendeu uma convocação na squadre nazionali para o amigável contra a Espanha.

Até então, Marcucci jamais havia jogado oficialmente com todos os pads. O duelo contra as espanholas não a intimidou. No encontro, a jogadora foi fundamental como lead blocker, na posição de slot, que ocasionou no único touchdown das italianas na partida. Mesmo com tal esforço, as italianas perderam o jogo para a rival europeia.

Com a moral elevada, a atleta foi peça-chave para levar as Dyrrs a seu primeiro evento oficial, ao final de 2019. A equipe teve de viajar a Torrevalenga na Espanha para enfrentar as gurias do Berserkers Torrevalenga. Desta vez, Marcucci teve papel de destaque ao liderar a vitória das portuguesas em solo estrangeiro ao anotar dois touchdowns.

Não demorou a tardar para aparecer a primeira proposta profissional. Em uma ligação no dia 1º de abril, Marcucci conversou com Jeffrey Atkins – conhecido popularmente pelo nome artístico Ja Rule – para jogar profissionalmente pelo New York Stars, da Women’s Football League Association (WFLA). Porém, devido a pandemia por SARS-CoV-2 – o vírus que causa a COVID-19 – a neerlandesa-italiana não pode viajar aos Estados Unidos.

Quis o destino levasse a jogadora a Itália durante a pandemia. Ao morar na região da Umbria, Ambra entrou em contato com os representantes do Grifoni Perugia para ingressar na equipe. O convite não só rendeu a presença em treinos, como estabeleceu uma conexão entre as partes para que a atleta fizesse parte do roster que irá disputar o Campionato Italiano di Football Americano a nove giocatori (CIF9) – espécie de terceira divisão do certame italiano. E o primeiro compromisso está agendado para o dia 9 de maio, contra o Angels Pessaro. Quiçá este ineditismo de Ambra Marcucci seja o primeiro caminho para que homens e mulheres possam pisar no gridiron sem distinção.

Assista a entrevista completa

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