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Rodrigues é a peça-chave na unidade de ataque do Santa Maria Soldiers. Foto Maria Júlia Corrêa/Radar Esportivo/UFSM
O pentacampeão gaúcho é o time a ser batido no Rio Grande do Sul. Venceu o certame estadual por três vezes seguidas. Além de uma defesa bem postada e com ótimas peças, o que mais chama a atenção é a evolução da unidade ofensiva após a volta do quarterback Douglas Rodrigues, pós o Gigante Bowl. Vale lembrar que o Santa Maria Soldiers venceram a temporada 2016 apostando num game plan com bastante jogo corrido. A nova era do signal caller Douglas Rodrigues seria para evoluir o jogo aéreo dos soldados. Foi o que vimos em sua primeira temporada, com targets como os wide receivers Douglas Elesbão e o americano Clinton Greenaway (apenas no campeonato gaúcho).
Saiba como foi a temporada 2018 do campeonato gaúcho
Não é segredo que o comandante da unidade ofensiva é Douglas Rodrigues. Também não é surpresa, por ele ser um atleta muito experiente no cenário do esporte. Nesta temporada, veremos a unidade ofensiva na mais fina execução. Obviamente que a competição regional serviu de laboratório para que o comandante do ataque pudesse ajeitar as imperfeições. Porém, o pouco que se viu dos Soldiers é otimista: o ataque começa a desempenhar um conceito que mescla o jogo aéreo e corrido. Imagine um time com um forte jogo corrido. Agora imagine um time com um forte jogo aéreo. Percebendo as estatísticas dos jogos, é correto dizer que ou os times apostam mais no jogo corrido ou mais no jogo aéreo. É difícil vermos um ataque equilibrado e que os dois estilos sejam fortes. No Rio Grande do Sul, o roster de Santa Maria desempenha esse papel.
Por ter esse equilíbrio, a evolução natural da unidade ofensiva seria uma mescla entre os dois: o run pass option. No futebol americano, temos dois tipos de leitura: a pré-snap e a pós-snap. Na primeira, tentamos mudar a jogada chamada para ter vantagem sobre o posicionamento da defesa. Nesse caso, geralmente há alteração de rotas ou lado da jogada. Na leitura pós-snap quando em jogada de passe, não há ajuste e sim uma varredura pelas rotas pré-determinadas, buscando as janelas de passe. O run pass option (RPO) é um conceito que mescla as duas leituras ao trazer, na mesma jogada, um conceito de passe e um conceito de corrida. Essa junção de conceitos causa um estresse nos defensores, geralmente nos linebackers ou defensive backs.
Ao gerar esse estresse, parte-se para a leitura pós-snap, onde o quarterback lê um determinado defensor. Caso esse defensor dê um passo ou dois para a frente, para atacar a corrida, o signal caller faz a leitura e ataca a zona desprotegida. A essência do RPO não é deixar um defensor desbloqueado, como na sua precursora option, mas sim, na decisão de determinado jogador da defesa em ler a jogada como corrida ou passe.
Na imagem abaixo, em jogo válido pelas oitavas de final do campeonato gaúcho, vemos a nova cara do ataque dos Soldiers, com o conceito de run pass option bem executado e mortal para a defesa adversária. Rodrigues utiliza a formação spread, com quatro recebedores. A leitura pré-snap indica que a cobertura de defesa do Canoas Bulls é cover 3, com um safety ao fundo, dois cornerbacks em zona, três linebackers (um em blitz) e um defensive back marcando o slot.
O defensor chave para a leitura após o snap é o outside linebacker marcado acima.
Observa-se pelo disposto acima que, pela lógica, e pela blitz do outside linebacker da esquerda, a zona flat deveria ser marcada pelo outside linebacker (defensor chave) e pelo strong safety.
A leitura pré-snap também mostra que as zonas delay e hook estão desguarnecidas. O matchup é extremamente favorável para o recebedor, que conta com a marcação apenas do outside linebacker.
O inside slot corre uma rota dump no dois linebackers, enquanto Rodrigues faz a leitura no handoff.
O experiente quarterback de Santa Maria guarda a bola para preparar o passe, pois viu os dois linebackers darem um passo à frente para marcar a corrida. Esse erro de reconhecimento da jogada, mesmo sendo apenas um passo à frente, custa um caminhão de jardas para a equipe do Canoas Bulls. Na imagem acima, percebe-se a separação entre o recebedor e os linebackers, criando a janela de passe.
Quando os linebackers percebem o erro de leitura já é tarde demais. O slot #14 Nathan Dias recebe a bola livre de marcação, avançando muitas jardas.
O ataque do Santa Maria Soldiers certamente é mais promissor que o da temporada passada. Douglas Rodrigues, no auge de seu rendimento, posta seu ataque de maneira única e cria espaços através dos erros defensivos de seus adversários. Resta agora ver o auge também deste novo conceito no ataque dos soldados no Brasil Futebol Americano (BFA).
Advogado. Analista tático no Futebol Americano Brasil. Estuda Especialização em Direito e Processo do Trabalho pela Uniritter. Head coach do Porto Alegre Pumpkins e com passagens pelas comissões técnicas de Porto Alegre Bulls, Bento Gonçalves Snakes, Cruzeiro Lions e Armada Lions Futebol Americano
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julho 29, 2018 at 3:08 pm
Vão transmitir o jogo?
Gostaria de assistir