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Qual o segredo do sucesso das grandes equipes de futebol americano no Brasil? A palavra chave é: simplicidade. Vemos nos estaduais placares elásticos como os de Cruzeiro Imperadores, Galo Futebol Americano, Sorriso Hornets, Cuiabá Arsenal, Timbó Rex, João Pessoa Espectros, Recife Mariners, Coritiba Crocodiles, Paraná HP, Santa Maria Soldiers, Vasco da Gama Patriotas, Flamengo Imperadores, Vila Velha Tritões, etc. Olhando apenas o placar, muitas vezes um tanto a zero, logo pensamos em um jogo estilo National Football League (NFL), com várias big plays. No entanto, a chave de sucesso destes times é a simplicidade das jogadas e sua ótima execução. Temos mostrado aqui diversas jogadas com conceitos básicos do futebol americano que são aplicadas por grandes times. Se o seu time é emergente ou está começando agora e não possui nenhuma destas jogadas básicas em seu ataque, pare e repense sua estratégia. Os grandes não inventam, apenas têm a fórmula básica e simples de conceitos antigos – podendo alguns destes serem remodelados.
No dia 6 de maio, o Cruzeiro Imperadores venceu o Contagem Inconfidentes por 67 a 7 pela 9ª rodada do polêmico campeonato mineiro de 2018. Uma das jogadas mais vistas na partida é um conceito clássico, conhecido como bubble screen. Mas o que é bubble screen?
Bubble screen é uma jogada de passe lateral, onde você entrega a bola rapidamente para seu playmaker, geralmente o jogador mais rápido e ágil do ataque. Inicialmente, esse conceito ataca defesas agressivas, que lotam o box para pressionar mais o quarterback ou conter o jogo terrestre, e defesas com marcação soft dos cornerbacks. Na NCAA vemos muito a utilização desse conceito. No exemplo abaixo, a jogada de bubble screen foi realizada com um fake handoff para o running back. Notem que a marcação afastada dos jogadores da secundária deu uma ótima vantagem ao velocista do ataque, o qual se aproveitou de um bom bloqueio e seguiu em direção à lateral do campo até a endzone.
A intenção da bubble screen é ganhar no mínimo 5 jardas. Qualquer avanço a mais já é lucro. Mas a jogada tem tudo para dar certo porque é mal defendida aqui no Brasil. Principalmente as equipes iniciantes que ainda não compreendem que devem ajustar sua defesa para essa jogada. Por exemplo, o ataque mostra uma formação trips em um dos lados e a defesa esteja em cover 3 (com o corner a quase 10 jardas) e marcação soft do nickel ou outside linebacker em um dos slots do lado da trips. Caso a defesa não mude sua cobertura ou pacote, certamente essa jogada tende a ser efetiva para mais de 10 jardas, pois temos o playmaker com dois bloqueios nos dois defensores que o limitariam e campo aberto para provar sua agilidade.
O primeiro touchdown dos Imperadores na partida contra os Inconfidentes foi a execução de uma bubble screen para o inside slot da trips. Na segunda vez, o Cruzeiro executou em formação bunch, como mostrado abaixo.
Veja como funciona a jogada e o quão simples ela é:
Na imagem abaixo, pode se observar o início da jogada e a vantagem de espaço que o inside slot receiver tem.
Quando do lançamento da bola, vê-se que, caso um dos bloqueios dos recebedores funcione, a jogada será de avanço considerável. E foi o que aconteceu, o playmaker faz o catch com espaço livre de 5 jardas. O resto é mérito seu. Aprendam: playmaker em campo aberto é perigo na certa.
Caro coordenador ofensivo, caso você não tenha essa jogada em seu sistema, acredito que você não saiba o que está fazendo.
Advogado. Analista tático no Futebol Americano Brasil. Estuda Especialização em Direito e Processo do Trabalho pela Uniritter. Head coach do Porto Alegre Pumpkins e com passagens pelas comissões técnicas de Porto Alegre Bulls, Bento Gonçalves Snakes, Cruzeiro Lions e Armada Lions Futebol Americano
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