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Alguns elementos da história costumam repetir ciclos. O futebol americano praticado e organizado no Brasil não é diferente. Se no passado recente o tackle masculino foi dividido em dois certames nacionais concorrentes, a previsão para a temporada de 2022 indica que estes tempos voltaram. Na tarde desta quinta-feira (18), a Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) anunciou que organizará sua própria competição denominada Brasileirão de Futebol Americano. A entidade alega que como órgão máximo do esporte em território nacional, reconhecida pela Secretaria Especial do Esporte, ligado ao Ministério da Cidadania, e devidamente filiada a International Federation of American Football (IFAF), tem como suas principais funções a organização e fomento do futebol americano e flag football em todo o País.
Saiba como foi a temporada 2019 do BFA
Entre os pontos apresentados pela CBFA, a divergência entre o modelo adotado pela competição privada liderada pelo Brasil Futebol Americano (BFA) e a Associação de Clubes de Futebol Americano (ACFA) não é de agrado ou unanimidade entre os programas participantes. Outro apontamento é a não negociação da chancela da competição, uma vez que a gestão do BFA teria de oferecer uma contrapartida financeira a CBFA para oficializar a realização.
O conflito entre as partes também integra o não pagamento de um empréstimo feito pela diretoria do BFA de R$ 40 mil, para contratação da transmissão do Brasil Bowl XI, entre Timbó Rex e João Pessoa Espectros, pela ESPN, em 2019. De acordo com a CBFA, quantia essa que poderia estar em caixa custeando parte da ida das delegações do Brasil Onças de flag football ao IFAF Flag Football World Championship, em Israel, ou também, sendo utilizada na organização e planejamento das próximas ações para os atletas, como o Brasil Onças Week. E que a proposta de pagamento deste valor está sendo agora negociado, mais de 2 anos depois, em 20 parcelas de R$ 2.000,00 à partir do segundo semestre de 2022.
Outro motivo é uma ação coordenada pelo Rex para ter a patente comercial do Brasil Bowl junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o que desagradou a atual gestão da CBFA.
“A pesar de garantido pelo nosso Estatuto (Capítulo IX, artigo 99) ‘a denominação e os símbolos da CBFA e de suas representações são de sua propriedade exclusiva, contando com proteção legal, válida para todo o território nacional, por tempo indeterminado, sem necessidade de registro ou averbação no órgão competente, de acordo com o ART.87 da Lei 9.615/98, sendo vedadas às entidades filiadas, vinculadas e de prática disporem de quaisquer direitos sem a prévia concordância e autorização da CBFA’, no dia 7 de maio de 2021, a Associação Esportiva T-Rex de Futebol Americano, deu entrada no Pedido de Registro da Marca ‘Brasil Bowl’ junto ao INPI. Marca essa que, ao longo dos anos é utilizada para denominação do jogo final do Campeonato Brasileiro de futebol americano. Questionados sobre os determinados processos de registro, a Associação informou que ‘o T-Rex pediu o registro da marca Brasil Bowl junto ao INPI para posteriormente cedê-lo, a título gratuito, para a Associação dos Clubes de Futebol Americano do Brasil (CNPJ 29.791.075/0001-10), o que será feito assim que possível’. A Confederação já apresentou pedido de oposição aos processos”, enviou em nota.
Confira abaixo o teor da carta aberta
Prezados Senhores,
Na data de hoje, a Confederação Brasileira de Futebol Americano soltará uma nota oficializando que, a partir de 2022, voltará a ser a responsável por gerir e realizar seu próprio Campeonato Brasileiro.
Essa decisão não foi tomada da noite para o dia, o tema foi amplamente refletido e discutido dentro de nossa diretoria e entes filiados.
Tendo em vista que:
– A CBFA, filiada à Internacional Federation of American Football, constitui entidade nacional de administração do desporto, sendo o órgão máximo do Futebol Americano no Brasil;
– a pandemia da Covid-19 teve fortes consequências em todo o mundo, e que em nossa comunidade não foi diferente. Muitos times estão precisando se reinventar e se reestruturar para a retomada de seus treinos e jogos;
– que o Brasil é um país continental, e que possui suas particularidades e diferenças;
– que o Brasil enfrenta uma grave crise econômico-financeira, e o atual preço dos combustíveis dificultará o deslocamento e viagens pelo país;
– o atual formato do brasileiro, não é de agrado ou unanimidade na escolha dos times;
– nunca houve uma chancela formal da Confederação para a Liga BFA ou à Associação de Clubes – ACFA;
– que a Liga BFA tomou de empréstimo a quantia de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) à Confederação Brasileira ,quantia essa que poderia estar em caixa custeando parte da ida das seleções brasileiras de flag football ao Mundial em Israel ou também, sendo utilizada na organização e planejamento das próximas ações para os atletas, como o Brasil Onças Week. E que a proposta de pagamento deste valor está sendo agora negociado, mais de 2 anos depois, em 20 parcelas de R$ 2.000,00 à partir do segundo semestre de 2022;
– que a Liga BFA, deixou claro que não ter interesse em dar nenhuma contrapartida financeira à Confederação pelo direito de realizar o campeonato nacional;
– que apesar da eleição realizada empossando um novo presidente à ACFA – Associação de Clubes, o gestor do campeonato se mantêm o mesmo e esse, faz questão de desmoralizar a nossa diretoria, com ataques infundados e de cunho pessoal;
– que apesar de garantido pelo nosso Estatuto (Capítulo IX, artigo 99) “a denominação e os símbolos da CBFA e de suas representações são de sua propriedade exclusiva, contando com proteção legal, válida para todo o território nacional, por tempo indeterminado, sem necessidade de registro ou averbação no órgão competente, de acordo com o ART.87 da Lei 9.615/98, sendo vedadas às entidades filiadas, vinculadas e de prática disporem de quaisquer direitos sem a prévia concordância e autorização da CBFA”, no dia 07 de maio de 2021, a Associação Esportiva T-Rex de Futebol Americano, deu entrada no Pedido de Registro da Marca “Brasil Bowl” junto ao INPI. Marca essa que, ao longo dos anos é utilizada para denominação do jogo final do Campeonato Brasileiro de futebol americano. Questionados sobre os determinados processos de registro, a Associação informou que “o T-Rex pediu o registro da marca Brasil Bowl junto ao INPI para posteriormente cedê-lo, a título gratuito, para a Associação dos Clubes de Futebol Americano do Brasil ( CNPJ 29.791.075/0001-10), o que será feito assim que possível”. A Confederação já apresentou pedido de oposição aos processos;
– que atual gestão já realizou modificações na forma em como aplicar os recursos advindos da taxa confederativa. Atualmente todos os diretores, incluindo presidente, são voluntários prestando serviços à Confederação;
– que o custo do atleta confederado seria acrescido de mais R$ 100,00 (cem reais) para pagamento da inscrição do atual campeonato da Liga;
– que dentre esses valores arrecadados pela Liga em 2019, mais de 40% são gastos em despesas de pessoal (vide relatórios oficiais apresentados);
– que em nossa gestão os valores arrecadados com a taxa confederativa, serão revertidos a própria atividade esportiva, à grosso modo nessa proporção:
50% destinados ao próprio campeonato nacional
15% destinado às seleções brasileiras
10% destinado ao desenvolvimento das categorias de base
15% destinado às despesas administrativas e operacionais
10% destinado para formação, pesquisa e aprimoramento das áreas técnicas, saúde e de regras
– que em nossa gestão, vamos priorizar outras formas de receita, principalmente através de projetos via Lei de Incentivo Federal, como inclusive já temos 3 (três) aprovados e aptos para captação;
– que vamos desenvolver atividades de cunho social e de massificação de nossa modalidade;
– que pretendemos trabalhar em conjunto com as federações, dando melhores condições aos times que vão disputar o campeonato nacional;
– e que nossa diretoria, desde início da gestão vem se esforçando em algo diferenciado para mostrar através do trabalho, comprometimento e transparência, buscando empresas patrocinadoras e apoiadoras. Buscando apoiar e melhorar condições e estrutura para os atletas. Dando visibilidade a todas as modalidades que nos é competência, não só ao futebol americano, mas como também o flag football e e-sports
Por estes motivos listados, e sobretudo, para defender os interesses e patrimônios da Confederação Brasileira de Futebol Americano, que tomamos essa importante decisão e vamos executá-la a partir do próximo ano. A CBFA é e continuará sendo o órgão máximo do futebol americano no Brasil.
Vamos procurar implantar formatos mais adequados e menos custosos tendo em vista o tamanho de nosso país.
Muitos boatos ou comentários maldosos poderão surgir à partir dessa publicação, portanto me coloco desde já à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Jornalista e editor-chefe do Futebol Americano Brasil. Pós-graduado em Jornalismo Digital pela Famecos/PUCRS. Ex-colaborador do Pro Football e American Football International. Antigo produtor multimídia do Locast Project do MIT/EUA
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